quinta-feira, dezembro 20, 2007

Involução inevitável do homem.

O cérebro humano é um monumento à seleção natural. Imagino quantos bilhões de indivíduos das mais variadas espécies, de unicelulares primitivos a hominídeos, foram sacrificados para que a evolução finalmente chegasse a essa maravilhosa máquina, a esse engenho sem precedentes. A triste ironia é que o cérebro humano, justo ele, será responsável pela involução da espécie.

Pois vejam: conforme os mecanismos da seleção natural, interessa a cada indivíduo espalhar seus genes, marcando sua passagem pelo planeta. Richard Dawkins vai mais longe: segundo ele, grosso modo, cada ser vivo é uma máquina programada pelos genes para que eles, os genes, se perpetuem. O mecanismo é irrelevante para minha argumentação, o que importa é o resultado: num ambiente de competição, indivíduos mal adaptados perecem antes de terem a oportunidade de passar seus genes adiante, ou são eliminados pela seleção sexual (por isso não vemos, por exemplo, pavões de cauda curta; o gosto peculiar das fêmeas fez com que a cauda vistosa e grande fosse uma característica desejável nos machos da espécie, mesmo sendo uma desvantagem quando se trata de fugir de predadores).

As primeiras espécies de hominídeos passaram por esse processo, e até o homem moderno, no princípio, precisava estar bem adaptado para sobreviver. O sujeito incapaz de conseguir alimento, ou de fugir dos predadores, ou de sapecar com precisão uma clava na cabeça da fêmea de sua predileção, morria sem deixar descendentes. Ruim para ele, bom para nós.

Acontece, porém, que o ser humano não tem precedentes no planeta. Todas as espécies antes da nossa se contentaram com o ambiente que lhes era oferecido. No máximo faziam uma mudança ou outra, como as barragens dos castores, e era isso. E eis que nós surgimos, e decidimos modificar nosso ambiente de forma radical. Construímos casas, estradas, desviamos o curso dos rios, nivelamos vales, escavamos montanhas, fomos à lua, cruzamos os oceanos com cabos de telecomunicações, colocamos satélites em órbita. Criamos o zíper, a tesoura, a poltrona reclinável, a televisão com 200 canais, a internet, a pornografia, o xadrez, as universidades, o ventilador de teto, o câmbio automático. E então chegamos ao século XXI, olhamos ao redor e não havia nenhuma ameaça à nossa altura. Sim, há doenças e desastres naturais, mas já não dão mais conta de nos assustar. Se um desastre na China mata um milhão de pessoas, isso vira porcentagem, e é um numerozinho ridículo. Estamos imunes, portanto. Vamos comemorar! Vamos?

Ora, se não há mais ameaças, isso quer dizer que não há mais diferenças entre preparados e despreparados, adaptados e não adaptados. A princípio, parece justo. Somos todos iguais, como sempre sonhamos. Mas não somos.

Pensem. Eu tenho 37 anos. Minha namorada, não é segredo pra ninguém, tem 32. Quantos filhos temos? Zero. Queremos planejar, investir em nossas carreiras, formar algum patrimônio, e aí sim ter um filho, talvez dois, aos quais possamos oferecer todos os confortos da vida moderna. E por que isso? Porque somos pessoas inteligentes. Enquanto isso, os imbecis se reproduzem como preás que caíram num balde cheio de Viagra. Lembro-me da minha formatura da oitava série. Dava para saber quais eram as meninas inteligentes e quais eram as que tinham chegado ali a muito custo: essas últimas estavam grávidas.

Qual a conseqüência disso? Num campo de jogo em que todos são iguais, só o que conta é a velocidade de reprodução. E nisso, meus caros, os burrinhos estão se dando muito melhor do que nós. Eu quero dizer que um dia eles vão dominar o mundo? Claro que não! Eu estou dizendo é que eles já começaram! Você duvida? Olhe para seu chefe. Viu? Você já foi alvo de chacota por ler um livro, ou falar uma palavra “difícil”, ou levantar uma questão qualquer que fosse um tantinho mais elevada do que a precipitação pluviométrica da semana? Pois é.

O que o futuro nos reserva? A extinção, claro. Mas, antes disso, veremos coisas tenebrosas. Antevejo as obras completas de Shakespeare traduzidas (do espanhol) por Paulo Coelho, com notas de rodapé de Roberto Shinyashiki. “Nesse versinho aqui, o nosso amigo Bill Shake dá uma mensagem muito importante para os dias de hoje, pessoal. O que ele quer dizer é que não podemos desistir de nossos sonhos. Você traça um objetivo, e aí você persegue esse objetivo. O universo, já sabia ele, é uma grande câmara de eco”. E por aí vai. Imagino acalorados debates sobre a obra de Zibia Gasparetto ou Marcelo Mirisola. A sério.

Eles são muitos, e serão cada vez mais. Nós somos artigo de museu. Conformem-se.

sábado, dezembro 15, 2007

Injustiça.

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina.

Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente.

Nós deveríamos morrer primeiro e nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo.

Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria.

Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando.

E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito


By: Ana Maria Romero Neves
Quem é a Ana? Nem imagino!

Dúvida:

Se o caso é sério e está complicado, você abafa ou desabafa?

Seja falso. Sorria de verdade.

Sentimentos dilaceram sua alma? Sorria desesperadamente.

O desafio de ser alguém.

O desafio de ser alguém está em procurar não ser o outro, mas, para isso, nem sempre é necessário e obrigatório ser diferente do outro. Quem passa a vida querendo ser diferente do outro, na verdade, gasta seu tempo na Terra vivendo pela base do outro, não pela sua. Descobrir o seu caminho sem tropeçar, sem ignorar e sem só ficar na trilha do outro é o grande exercício do auto-descobrimento.

De qualquer modo, relaxe... Na verdade, só existe um caminho possível: é ser alguém; ninguém consegue ser ninguém, ninguém consegue ser o outro - por mais que se assemelhe.

Diante da Eternidade.

Eu, ações, pensamentos, idéias, opiniões e sentimentos somos nada.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

O que eles fazem lá?




Esse estranho fenômeno acontece exatamente em dezembro, mês do calor, dos pernilongos, das férias. Olha lá eles. De repente, a troco de nada, esses estranhos seres gorduchos, super agasalhados e inchados sobem em diversos prédios da cidade e ficam parados e hibernando até a chegada do ano novo. Alguém pode explicar o que eles fazem lá?

Engraçado.

De repente, o dia dá um salto, a vida vira cambalhota, a gente cai, não quebra, fica meio torto, sai andando e ninguém repara.