quarta-feira, julho 22, 2015
Esmola vicia. Alivia a culpa de quem tem um miserável na frente, mas não estimula o esmoléu a se livrar de seus males. Dinheiro para moleques que vivem de mendigar ou vender balinhas de origem suspeita, ou para mulheres com bebês no colo ou pencas de filhos largados numa calçada, ou para um homem cheio de feridas ou histórias tristes, dinheiro dado às pressas não ajuda a melhorar a vida dessas pessoas; serve só para que elas saiam da frente e sua consciência pese menos. Dar esmola não é caridade. Caridade é aliviar o sofrimento do semelhante, não estimulá-lo a continuar no caminho de sofrimento sem a menor reação. Quer praticar a caridade, dê comida, ofereça um banho, faça o curativo ou limpe as feridas dessas pessoas, dê-lhes ânimo e boas lições para que saiam da situação em que se encontram, se possível encaminhe-as para um lugar onde encontrem dignidade, tratamento e boas oportunidades de trabalho. Isso, aliás, de praticar a caridade, dá um trabalho danado... É muito diferente dessa esmolinha viciante e asquerosa que as pessoas dão com caras que vão do medo à indiferença, passando pela mais deslavada cara de santinho chorão. Tudo o de que o mundo não precisa é de quem vicie animais com comida industrializada e gente com dinheiro fácil. Ainda que seja o das balinhas no sinal e a tal Criança Esperança. Alimente a miséria, ela cresce.
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