terça-feira, maio 16, 2006
"Para o povo, há um sentimento de alienação, como se sua própria cultura não fosse, de modo algum, relevante ou digna de atenção"
O medo nasce da ignorância, da falta de informações a respeito de algo que permanece desconhecido. Um grão de mistério transforma-se em um abismo de obscuridade. É a partir dessas bolas de neve que lendas urbanas são fomentadas, boatos proliferam-se e são amplificados, a histeria bate asas e o bom senso vai para as cucuias.
Pois eis que, depois de passar boa parte de meu dia ouvindo de terceiros histórias envolvendo estações do metrô e ônibus destruídos por bombas caseiras, famílias inteiras de policiais assassinadas ou toque de recolher decretado pelo governo, chego ao meu lar, dulcíssimo lar, e constato que ao menos 90% das histórias contadas eram variantes anabolizadas do que efetivamente estava acontecendo nas ruas de São Paulo.
Não que os fatos em si tenham se tornado menos impactantes diante das lorotas ao fim desmentidas, muito pelo contrário. Mas o caso é que este foi um dia empesteado por informações alarmistas e desencontradas, que serviram para multiplicar a desconfortável sensação de temor, como se a realidade já não fosse péssima o suficiente para disseminar o pânico.
Mais do que ações criminosas, os atos de barbárie cometidos pelo Primeiro Comando da Capital, vulgo PCC, foram ataques terroristas. Porque não encontro maneira mais precisa de qualificar o uso de coquetéis Molotov para incendiar agências bancárias, as dezenas de ônibus queimados, carros da Polícia metralhados em plena luz do dia, o aeroporto de Congonhas evacuado sem maiores explicações. Ações que desnortearam toda uma população, que espontaneamente decretou a si mesma toque de recolher, com shoppings e comércios de rua fechando às cinco da tarde, aterrorizada e atordoada com ameaças reais e imaginárias. Porque nesta tarde ninguém foi capaz de confiar na palavra de um Estado que teoricamente deveria prover segurança a todos.
E como se toda essa onda de violência não fosse suficiente, ainda tive que aturar a horda de palpiteiros com seus papos pra bovino se entupir de soníferos e nunca mais acordar: teorias conspiratórias envolvendo o ano eleitoral, militantes de uma e outra ideologia batendo boca em questiúnculas partidárias como se fossem membros de torcidas organizadas de futebol, os mesmos papos bairristas de sempre envolvendo a guerrinha imbecil RJ x SP, exaltados falando em chacinar presos num Carandiru reloaded. As coisas já estão ruins demais, não necessitam da ajuda de alarmistas desinformados e papagaios dos telejornais(Globais).
Tudo é muito, muito deprimente. Mas nada me deixa mais pra baixo do que constatar que o Terror, além de ter dado um solene olé no aparato governamental (em todos os níveis: federal, estadual, municipal), tornou-se soberano ao demonstrar sua capacidade de modificar a rotina de cada um de nós. Além de saber que a sombra difusa do medo e delírio em SP será palanque para a eleição de inúmeros políticos demagogos neste ano de Copa.
PS 1 - Todas as polícias(Federal, Civil, Militar, Municipal e Exército) nas ruas com plenos poderes e tolerância zero, fazendo um pente fino buscando armas, drogas, foragidos,etc...;
PS 2 - Exoneração imediata e prisão de policiais, agentes, secretários, etc... corruptos;
PS 3 - Limitar os poderes da imprensa, que as vezes atrapalha;
PS 4 - Pena de Morte (mas antes revisar o Código Penal);
PS 5 - Conte Lopes para governar SP.
CONCLUSÃO: Povo burro. Eleitor alienado. Político ladrão. Deputado safado. Presidente mentiroso. Jornalista conivente. Repórter vendido. Justiça lenta. Policial corrupto. Bandido protegido. Empresário desonesto. Empregado insatisfeito. Brasileiro hipócrita. Etc.
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