segunda-feira, novembro 20, 2006

Pele tem cor; consciência, não.

Acentuar um preconceito para livrar-se dele funciona?

Até onde eu sei, por um mecanismo de seleção natural, quando era a Mamãe Natureza quem decidia a vida e a morte - e não o filhote desumano -, a cor da pele do bicho homem servia para escondê-lo em seus diferentes habitats sobre o globo terrestre; assim, os de pele mais clarinha não eram facilmente devorados pelos lobos onde nevava, os de pele mais escura sobreviviam aos leões no meio da mata de calor escaldante, e esses formavam as novas gerações.

Só que veio um tempo em que o filho Homem colocou a Mamãe Natureza num asilo e assumiu o controle, bagunçando tudo com a tecnologia a serviço de sua cobiça; foi quando barreiras naturais passaram a representar um risco menor à sobrevivência que a ação do Homem. Aí, vixe, toda ignorância virou justificativa para trair, escravizar, humilhar, eliminar o outro. E é assim até hoje.

É a face mais cruel do amadurecimento precoce do poder com relação ao ritmo lento com que se desenvolve a consciência. A tecnologia é mais rápida que a moral; nesse descompasso está a essência perigosa.

Toda História está aí, nem por isso eu vejo justificativa para tingir a consciência dessa ou daquela cor. A seleção das consciências não ocorre em função da quantidade de melanina ou da pigmentação da pele, mas da Educação. O que pode fazer um homem valorizar o outro é o entendimento de que são o mesmo bicho; se não é igual, é semelhante, tem de respeitar de todo jeito.

Menos bandeiras e mais livros!