terça-feira, novembro 28, 2006

Mini-curso sobre a ignorância.

A teoria

O ignorante não supera obstáculos, ele os destrói; lares, muros, pontes, paredes, vidas, tudo o que estiver no ponto cego entre ele e seu objeto de desejo será atingido. Ele é a força da destruição a serviço dos desastres cotidianos.

A prática

Num futuro não muito distante, os alunos mal formados nas escolas que freqüentam como clubes, sem vocação nem responsabilidade, aprovados pelo sistema corrupto e apoiados por pseudo-pais mais orgulhosos da graduação de sua descendência que atentos a sua desqualificação perniciosa, tornar-se-ão os profissionais assassinos das manchetes policiais e dos escândalos mais escabrosos.

Dois exemplos

"Não por incompetência, mas por ser uma pessoa com dificuldade em se concentrar e que, por várias vezes, já havia sido avisado de que não poderia ser tão disperso. Não era culpa dele, é uma característica, que o impediria, naturalmente, para ser habilitado para o posto. Mas, depois de muita insistência, ele conseguiu ser aprovado. Ele foi homologado bem depois da turma dele. O sistema insistiu muito com ele, apesar de ele ter limitações para o serviço." ("Operador de vôo que monitorava Legacy não passou em testes"; Agência Estado.)
"... do modo como a escola funciona hoje, o desempenho escolar dos alunos tem pouca relação com o aprendizado adquirido. As instituições escolares ficaram tão viciadas no tipo de avaliação que fazem que boa parte dos alunos, assim que consegue apreender a gramática da escola, responde a ela, tão somente. Desse modo, as notas estão mais ligadas à relação dos alunos com a instituição escolar do que ao conhecimento. Assim, um aluno que passa o ano com boa avaliação pode não sinalizar nada mais do que simplesmente ter conseguido cumprir a tarefa de não ficar retido e a de ter bons resultados nas avaliações. Isso significa que muitos alunos que serão aprovados não conseguiram, necessariamente, construir um sentido para o ato intelectual de aprender nem uma relação de gosto pelo conhecimento." (Recuperação e reprovação, de Rosely Sayão, S.O.S. Família, Equilíbrio, Folha de S. Paulo.)

A recomendação

A ignorância protegida perpetua-se, quando deveria ser eliminada. O ignorante não deve ser tolerado, mas educado, conscientizado, para que reconheça os limites e não prejudique sua vida e as dos outros seguindo pelo caminho errado. A liberdade de escolha não poderia estar ao alcance do ignorante; em suas mãos, torna-se um punhal apontado contra o coração da sociedade. A inclusão do ignorante no sistema é como a contaminação por vírus em um organismo fragilizado, pode levar a diversas complicações, inclusive a morte.